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segunda-feira, 12 de março de 2012

Acordar da anestesia espiritual

Não tenho receio em definir a mensagem  para esta quaresma 2012 do Santo Padre o Papa Bento XVI, uma das mais belas de todas as quaresmas, desde que o Papa  começou a enviar uma mensagem especial. Simples na linguagem, direta, que nos obriga não a uma leitura rápida,  mas sim a uma leitura demorada, meditativa, contemplativa, a voltar mais vezes ao texto para perceber  como atrás de cada palavra o Papa quer nos acordar do nosso sono letárgico espiritual, que ele chama “anestesia espiritual”. O coração da mensagem é  tirado da Carta aos Hebreus 10,24: “Olhemos uns pelos outros para estimularmos a caridade e as boas obras.” Devo reconhecer que ......eu nem sabia  deste texto e nem conhecia. A palavra de Deus é de uma riqueza que não se esgota numa só leitura. Cada um a lê segundo o momento particular que vive, pessoal ou comunitariamente,  ou eclesial ou  mundialmente. O olhar do Papa que conhece a realidade do mundo e o momento de “crise” que passa,   vê que  o ser humano está como “anestesiado” diante do outro. O outro  não interessa, e um número que nos passa  perto, uma fantasma  e não uma pessoa  amada,  parte de nós mesmos.   Atenção ao outro exige que se  deseje para o outro todo o bem.
A pessoa não pode ser feliz  a pedaços, como pedras de mosaico, separadas umas das outras, mas no seu conjunto: a felicidade,  o bem e a globalidade da pessoa  que se realiza no seu todo. Não há felicidade quando falta o pão na mesa, o trabalho, os meios para curar-se das doenças, o   alimento cultural  que gera desenvolvimento. É preciso uma  revolução a partir de dentro de nós mesmos,  que nos coloque diante do outro como nosso irmão e deseja para o outro o que nós desejamos para nós.
A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. (n. 1)
Na verdade os sacerdotes  levitas não maltratam quem tinha caído nas mãos dos ladrões e estava meio morto à beira da estrada, nem o ofenderam, nem tampouco  cuspiram nele. Mas passaram e viraram o olhar ao outro lado. É o pecado da indiferença  que  está se tornando a cultura dominante  do mundo.  Não dar importância  ao outro. A quaresma  é o momento em que  devemos nos acordar da anestesia, sentir dor  não só pelas nossas feridas, mas também as dos outros. A vida cristã não é uma  filosofia  e um discutir sobre os problemas,  mas sim ver, julgar e agir… Sem ação  direta não haverá  mudanças de estruturas  e de estilo de vida, nem compromisso   social que leve o ser humano a uma vida mais digna.
 
Reflexão de Frei Patrício Sciadini sobre a mensagem do Papa para esta Quaresma
ROMA, segunda-feira, 12 de março de 2012 (ZENIT.org) – Apresentamos a reflexão de Frei Patricio Scaidini enviada à ZENIT para “nos acordar do nosso sono letárgico espiritual”, conforme a mensagem do Papa para esta Quaresma.
* Frei Patrício Sciadini, ocd, religioso, Carmelita Descalço, escreveu mais de 60 livros, publicados no Brasil e no exterior, atualmente é o delegado geral no Egito.

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