Pastoral de Conjunto

"O objetivo da Pastoral de Conjunto não é padronizar as pastorais nem desfigurar a variedade dos dons, carismas e serviços presentes nas comunidades".

A PASTORAL DE CONJUNTO não é uma nova pastoral a ser implantada na Igreja, nem uma Pastoral específica, alinhada às outras pastorais, como a da Saúde, a do Menor, dentre tantas. Nasceu na trilha de renovação eclesial efetuada pelo Concílio Vaticano II, a partir da compreensão de que a Igreja é uma rede de comunidades de irmãos e irmãs, cuja ação pastoral se dá de forma global, orgânica e articulada. Trata-se de uma mentalidade, um espírito que norteia a ação evangelizadora das dioceses. Devemos entendê-la como um esforço de aglutinação e articulação de metas e princípios na ação evangelizadora. À Pastoral de Conjunto, cabe a tarefa de promover a unidade na Igreja. Estabelecer o alicerce da estrutura pastoral calcada numa espiritualidade de comunhão. Em Puebla, em 1979, o episcopado latino-americano assim definiu a Pastoral de Conjunto: ......
Ação global, orgânica e articulada, que a comunidade eclesial realiza sob a direção do bispo destinada a levar a pessoa e todos os membros à plena comunhão de vida com Deus.
Vale lembrar que já, em 1966, a CNBB elaborou o primeiro “Plano de Pastoral de Conjunto” (1966-1970), que propunha seis “linhas de trabalho”, atualmente conhecidas como “dimensões”. Esse plano foi o embrião das atuais “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora”, até 1994 chamada “Diretrizes Gerais da Ação Pastoral”. Servir para solidificar as bases de uma Igreja que testemunha a comunhão e ajuda a construir uma sociedade solidária, de forma orgânica. Nascidas da reflexão e estudo de todos os bispos brasileiros reunidos em Assembléias Gerais, essas diretrizes fundamentam a Pastoral de Conjunto de todas as dioceses do Brasil A última Assembléia Geral dos Bispos do Brasil, ocorrida em Indaiatuba (SP), de 30 de abril a 9 de maio de 2003, aprovou as diretrizes que compreendem o triênio 2003-2006, assim resumidas: Evangelizar proclamando a boa nova de Jesus Cristo, caminho para santidade, por meio do serviço, diálogo, anúncio e testemunho de comunhão, à luz da evangélica opção pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa, renovando a comunidade, formando o povo de Deus e participando da construção de uma sociedade justa e solidária, a caminho do Reino definitivo.
O objetivo da Pastoral de Conjunto não é padronizar as pastorais nem desfigurar a variedade dos dons, carismas e serviços presentes nas comunidades. A busca da unidade não abafa a criatividade nem a ação do Espírito Santo. Cada grupo ou movimento eclesial, com sua espiritualidade e objetivos específicos, coloca-se em sintonia com as metas que a Igreja com um todo deseja alcançar.
Assim se configura a espinha dorsal, na qual fraternalmente se equilibram os membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja, dispostos a caminhar numa perspectiva da pastoral orgânica: aposta-se na eficácia dos Conselhos de Pastorais como instrumento articulador da evangelização; estudam-se e aplicam-se os planos pastorais das dioceses; renuncia-se as interpretações pessoais, do subjetivismo e do espontaneismo; abandona-se o espírito de “grupismo”, as pastorais isoladas entram numa salutar crise de identidade, que as reconduz ao núcleo de uma ação missionária pautada pela sociedade e pela ajuda mútua; desmontam-se os esquemas internos de competição e concorrência pastorais. O estabelecimento de metas comuns na evangelização, aplicadas com criatividade, senso de comunhão e pertença à Igreja, pode concretizar o ideal as “unidade na diversidade”. As diferenças de leitura e interpretação, necessárias à contextualização dos planos nas distintas realidades nas quais estamos inseridos, são insignificantes diante da fé comum que professamos.
Mas só planejamento e organização não são suficientes. Cumprir o que se planeja é um bom começo, mas não é tudo. A Igreja não é uma empresa submetida às leis do mercado, nem comprometida com a ideologia do “controle e qualidade total”. Nem tudo que planejamos e colocamos no papel produz os frutos esperados. O Espírito Santo nos reserva surpresas e é bom que estejamos preparados para acolhê-las. O plano pastoral mais perfeito do mundo pode resultar em nada, se o espírito que o anima não nascer da caridade pastoral de Cristo, Bom Pastor. Ele é o nosso “programa”. Sua pastoral consiste fundamentalmente em sair à procura da ovelha perdida. Para encontrá-la, não carrega consigo em roteiro de viagem, nem o mapa que aponta a direção da ovelha perdida e machucada. Ele segue os impulsos de seu coração, que sabe muito bem onde há alguém à espera de carinho, cuidado e de “boas notícias”.
Ainda estamos bem distantes da transparência e vigor que impregnavam cada palavra e gesto de Jesus Cristo. Ele era o que anunciava. Sua pastoral era organizada e articulada de acordo com os planos e a vontade do Pai, sem mediações. Nós precisamos de reuniões, assembléias, planejamentos, consultas e assessorias. Os planos pastorais elaborados em nossas dioceses, a partir das diretrizes da CNBB, serão sempre um rascunho dos nossos sonhos. Servirão, por algum tempo. Outros planos de PASTORAL DE CONJUNTO deverão surgir. Inspirações e estratégias serão aperfeiçoadas e falhas corrigidas nas assembléias e sínodos diocesanos. O que está afixado no papel caducará, mas a chama do desejo de levar as pessoas à plena comunhão de vida com Deus não poderá se extinguir.
“PASTORAL DE CONJUNTO” ou “PASTORAL ORGÂNICA” são apenas nomes que damos ao esforço de evangelizar em mutirão: leigos, leigas, religiosos, religiosas e a hierarquia, em comunhão orgânica e missionária, a serviço da vida e da justiça.

     UMA SUGESTÃO DE PASSO-A-PASSO

1)      Conhecimento recíproco: Para que possa haver a integração entre as Pastorais, Movimentos, Associações e demais forças vivas, enfim a PASTORAL DE CONJUNTO, é preciso que cada um procure conhecer o outro, seus objetivos e suas atividades específicas, já que não se ama aquilo que não se conhece. Conhecendo-se mutuamente, descobrirão que muito mais poderão fazer pela evangelização somando forças, trabalhando em parceria.

2)      Conhecimento de fazer acontecer a integração: A integração só será possível se houver, da parte dos envolvidos na proposta de PASTORAL DE CONJUNTO, real interesse pelo trabalho de parceria. Não basta a vontade do bispo, do pároco e do animador da comunidade. Tampouco é suficiente que os coordenadores em questão queiram a integração. A integração precisa ser desejada por todos os membros ou ao menos, pela maioria. Portanto, antes de pensar na integração, faz-se necessário um trabalho de conscientização e de motivação sobre sua importância com os envolvidos na proposta.

3)      Integração não é fusão: A integração pressupõe a existência de, pelo menos, duas faixas (pastoral e/ou movimento e/ou associação), bem organizadas, com sua coordenação, com seus agentes/membros e com sua programação.

4)      Encontros com os agentes/membros das duas (ou mais) faixas: Esses encontros servirão para estreitar os laços de amizade, fraternidade, conhecimento recíproco e para discutir atividades que poderão ser realizadas juntas. Serão encontros para rezar, meditar a Palavra de Deus, estudar a doutrina da Igreja e conviver.

5)      Ter uma agenda mínima em comum: Para todo trabalho em parceria faz-se necessário haver uma agenda mínima em comum, ou seja, atividades em que as faixas envolvidas estarão trabalhando juntas. Para a montagem dessa agenda comum, faz-se necessário a realização de encontros periódicos de representantes das duas pastorais, com o objetivo de planejar e avaliar as atividades desenvolvidas em parceria. É bastante oportuno quando na diocese se realiza um encontro anual para que essa agenda mínima seja elaborada, levando em conta as atividades próprias de cada faixa.

6)      Preocupar-se com a formação permanente de seus agentes: As faixas envolvidas deverão possibilitar um crescimento progressivo e contínuo de seus agentes/membros. Com certeza, agentes/membros bem formados, conscientes de sua missão e conhecedores da missão da outra faixa favorecerão enormemente a integração e oferecerão um serviço pastoral de qualidade. A formação permanente permite ver a realidade de maneira bem mais criteriosa e objetiva. Ela favorece a criatividade na fidelidade aos valores essenciais que não passam.

7)      Fazer tudo por amor e em espírito de serviço: Todos podem fazer muitas coisas, individualmente ou em parceria, mas, se não for por amor, de nada valerá (cf. Cor 13). “Se não fizermos tudo por amor, corremos o risco de nos cansarmos e de abandonarmos tudo”(Ibil.,p,15). Todos devem aprender de Jesus que tudo o que fazemos na Igreja deve ser com espírito de serviço (cf. Mc 10,42-45) e de gratuidade (cf. Lc 17,10). “Se trabalharmos para servir e não para receber aplausos, resistiremos com mais facilidade aos desafios”. (Ibid). Essa compreensão do trabalho pastoral na Igreja ajuda a superar o espírito de competição, de rivalidade, e criará um espírito de comunhão e participação, encarnando o pensamento Paulino de que “eu plantei”, Apolo regou, mas era Deus que fazia crescer” (1 Cor 3,6). Paulo ainda afirma que “aquele que plante e aquele que rega são iguais” ( 1 Cor 3,8). Todos são importantes para o cumprimento da missão da Igreja.

8)      Uma visão eclesial segundo o modelo dos Atos dos Apóstolos: A integração exige que as faixas tenham  uma mesma compreensão sobre a Igreja e sobre a sua missão. E o melhor modelo é aquele bíblico apresentado pelo livro dos Atos dos Apóstolos: uma Igreja toda ministerial e missionária, pobre e livre, que escuta e anuncia sem medo a Palavra de Deus, solidária e libertadora, que une fé e vida (cf. 2, 42-47;4,32-37).

9)      Envolver toda comunidade: Nesse trabalho de integração devemos buscar ampliar sempre mais as parcerias com outras pastorais, movimentos, associações, grupos... Para isso, precisamos formar/renovar a comunidade a fim de que todos se sintam responsáveis pelo serviço de animação vocacional, pois todos os membros da Igreja, sem exceção, têm a graça e a responsabilidade do cuidado pelas vocações.

10)  Urgência da integração: Essa integração é mais que necessária e urgente para o bem                                    da Igreja. Onde ela já acontece, precisa ser intensificada e incentivada, especialmente, pelos responsáveis mais diretos das comunidades, paróquias, microregiões (setores), macroregiões (áreas), diocese. Onde ainda não acontece, deveremos buscar fazê-la acontecer. Acontecendo a integração todos ganham. Ganham as pessoas, que saberão assumir melhor o seu batismo, escutar o chamado de Deus e responder a ele. Ganha a Igreja, porque será enriquecida de muitos servidores e servidoras, “cada um no seu lugar” (1 Cor 12,27), conforme os dons recebidos do Espírito Santo (cf. 1 Cor 12,7.11). Ganha o Reino de Deus com o crescimento dos trabalhadores e trabalhadoras da messe.

CONTAMOS COM TODOS VOCÊS!

Fonte:http://diocesedacampanha.vilabol.uol.com.br/

Comentários

  1. Olá! Boa Noite!
    Tomei conhecimento da Pastoral de Conjunto há pouco tempo, e achei muito interessante a proposta de trabalho "evangelização" da pastoral, "juntar pra multiplicar". Como posso fazer pra criar e desenvolver os trabalhos de evangelização através da Pastoral de Conjunto?

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