Bem nos começos de meu ministério, eu que me imaginara padre de
batina e colarinho preto e branco, vesti batina branca e azul clara,
depois uma gravata, depois guarda-pó branco, depois safári e uma cruz
bem visível no peito. Minha mãe que era do apostolado de oração e fita
vermelha e medalha no peito, achava aquilo estranho. Sonhara um filho
padre de batina. E agora, o menino voltava dos Estados Unidos e de
mangas curtas e cruz no peito, tocando violão e fazendo a meninada pular
e dançar no palco e a cantar nas missas com pandeiro, bateria e violão
eletrificado. Um dia, fez-me ver sua estranheza. Expliquei a ela que ......
não sabia ler, o que era ser padre depois do Concílio Vaticano II. Levei quase uma hora para falar das mudanças que estavam acontecendo no mundo inteiro. Quando acabei ela concordou e disse- Ah bão. Se foi o papa que quis então eu tamém quero! Dali por diante dizia para as comadres atônitas: É que nossa igreja tá mudano a fala e o jeito. Quem me conhece sabe, depois, o que houve comigo e com milhares de sacerdotes e religiosas. Fácil não foi. Houve sérias resistências. Tentando se um padre pos-conciliar apanhei das direitas e das esquerdas da época. Eu não era nem de centro, nem de direita, ném de esquerda, e não era conservador nem progressista. Estava tentando ser um padre pos-conciliar que à semelhança de aprendiz de uma nova dança prestava atenção nos passos dos bispos e dos padres mais serenos para saber como ser sacerdote segundo a Igreja e não segundo este ou aquele ideólogo, este ou aquele pastoralista, este ou aquele teólogo. Todo mundo escrevia, todos opinavam, as idéias fervilhavam, cada grupo queria ver a Igreja se atualiza,mas do jeito dele.
Eu ouvia Paulo VI e nossos bispos e cardeais. Quando me acusavam de estar em cima do muro por não ser nem de centro, nem de direita, nem de esquerda eu dizia que se estava há anos em cima do muro e avançando então era porque tinha equilíbrio… A quem me chamava de quadrado eu respondia que o quadrado é o que tem a raiz perfeita… E quando até num livro sobre juventude um padre famoso da época me chamou de modernizante, mas não suficientemente transformador, concordei, com ele. Era isso mesmo que eu era. Ele sabia o que queria, mas eu não. Estava lendo,lendo e lendo desde Marcuse a Bentham, passando por Daniel Rops e voltando a William Reich. Queria entender a Igreja num mundo que se laicizava desde 1848, presa entre as injustiças do capitalismo e do socialismo, entre pífias e patéticas ditaduras e tristes pseudo-democracias. Minhas leituras de sociologia não me permitiam passar aos jovens o que eu mesmo ainda não assimilara. Quando comecei a falar e a cantar cantei frases como “No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus”. “me fez inquieto por meu povo e minha fé. Vesti sorriso e dor ao me tornar cristão”
Estava doendo em mim a Igreja Católica que se renovava. Dói até hoje, cada vez que vejo e ouço colegas pregadores famosos. Sabemos aonde estamos indo? O que precisamente estamos a dizer ao povo que confia em nós? Que Cristo e que Igreja Católica andamos anunciando?
Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com
não sabia ler, o que era ser padre depois do Concílio Vaticano II. Levei quase uma hora para falar das mudanças que estavam acontecendo no mundo inteiro. Quando acabei ela concordou e disse- Ah bão. Se foi o papa que quis então eu tamém quero! Dali por diante dizia para as comadres atônitas: É que nossa igreja tá mudano a fala e o jeito. Quem me conhece sabe, depois, o que houve comigo e com milhares de sacerdotes e religiosas. Fácil não foi. Houve sérias resistências. Tentando se um padre pos-conciliar apanhei das direitas e das esquerdas da época. Eu não era nem de centro, nem de direita, ném de esquerda, e não era conservador nem progressista. Estava tentando ser um padre pos-conciliar que à semelhança de aprendiz de uma nova dança prestava atenção nos passos dos bispos e dos padres mais serenos para saber como ser sacerdote segundo a Igreja e não segundo este ou aquele ideólogo, este ou aquele pastoralista, este ou aquele teólogo. Todo mundo escrevia, todos opinavam, as idéias fervilhavam, cada grupo queria ver a Igreja se atualiza,mas do jeito dele.
Eu ouvia Paulo VI e nossos bispos e cardeais. Quando me acusavam de estar em cima do muro por não ser nem de centro, nem de direita, nem de esquerda eu dizia que se estava há anos em cima do muro e avançando então era porque tinha equilíbrio… A quem me chamava de quadrado eu respondia que o quadrado é o que tem a raiz perfeita… E quando até num livro sobre juventude um padre famoso da época me chamou de modernizante, mas não suficientemente transformador, concordei, com ele. Era isso mesmo que eu era. Ele sabia o que queria, mas eu não. Estava lendo,lendo e lendo desde Marcuse a Bentham, passando por Daniel Rops e voltando a William Reich. Queria entender a Igreja num mundo que se laicizava desde 1848, presa entre as injustiças do capitalismo e do socialismo, entre pífias e patéticas ditaduras e tristes pseudo-democracias. Minhas leituras de sociologia não me permitiam passar aos jovens o que eu mesmo ainda não assimilara. Quando comecei a falar e a cantar cantei frases como “No peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus”. “me fez inquieto por meu povo e minha fé. Vesti sorriso e dor ao me tornar cristão”
Estava doendo em mim a Igreja Católica que se renovava. Dói até hoje, cada vez que vejo e ouço colegas pregadores famosos. Sabemos aonde estamos indo? O que precisamente estamos a dizer ao povo que confia em nós? Que Cristo e que Igreja Católica andamos anunciando?
Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com
Olá! É sempre uma alegria visitar seu Blog..
ResponderExcluirNo dia de Pentecostes, as pessoas falavam a mesma linguagem: o Amor.
O amor deve continuar sendo a linguagem dos cristãos do mundo inteiro. Através do amor, o sopro do Espírito Santo continuará presente.
Bom domingo pra vc na Paz e no Amor de Cristo,
Reinaldo
Aguardo sua visitinha!