Devemos tornar claro, para nós mesmos,
quando e como a verdadeira vida Cristã começa, de modo a vermos se temos
dentro de nós o início dessa vida. Se não a temos, devemos aprender
como iniciá-la, já que isso depende de nós. Ainda não é um sinal decisivo da verdadeira vida em Cristo, se alguém se chama de Cristão e pertence à Igreja de Cristo. "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos Céus" "...porque nem todos os que são de Israel são israelitas" (Mt. 7:21; Rm. 9:6). Alguém pode ser contado entre os Cristãos e não ser Cristão. Isso é sabido por todos. Há um momento, e é um momento muito notável, que é
marcado profundamente no curso de nossa vida, quando uma pessoa começa a
viver de maneira Cristã. Esse é o momento quando ....
começa a estar
presente na pessoa as características distintivas da vida Cristã. Vida
Cristã é zelo e força para permanecer em comunhão com Deus, por meio de
ativo atendimento de Sua santa vontade, de acordo com nossa fé em nosso
Senhor Jesus Cristo e com auxílio da graça de Deus, para a glória de Seu
santíssimo nome. A essência da vida Cristã consiste em comunhão com
Deus, em nosso Senhor Jesus Cristo, em uma comunhão com Deus que
usualmente no início, está escondido não só dos outros, mas de nós
próprios. O testemunho desta vida que é visível, ou pode ser sentida em
nós, é o ardor do zelo ativo em agradar só a Deus de uma maneira Cristã,
com total sacrifício e ódio de tudo aquilo que se opõe a isso. Assim,
quando esse zelo ardoroso começar, a vida Cristã terá o seu começo. A
pessoa, na qual esse ardor é constantemente ativo, é uma pessoa que está
vivendo de maneira Cristã. Nesse ponto, devemos fazer uma pausa e prestar mais atenção nessa característica distintiva. "Vim lançar fogo na terra," diz o Salvador, "e que mais quero, se já está aceso?" (Lc.
12:49). Ele aqui está falando da vida Cristã, e diz isso porque o
testemunho visível dessa vida é o zelo por agradar a Deus que está no
coração pelo espírito de Deus. Isso é como fogo, porque, como este
devora o material no qual se propaga, assim também o zelo pela vida em
Cristo, devora a alma que o recebe. Da mesma forma que, durante o
período do incêndio, as chamas tomam conta de todo o edifício, também o
fogo do zelo, uma vez recebido, abarca e preenche todo o ser de um
homem. Em outra passagem, o Senhor diz, "... cada um será salgado com fogo"
(Mc. 9:49). Essa é também uma indicação do fogo do espírito que, em seu
zelo, penetra todo nosso ser. Assim como sal, penetrando em matéria
decomponível, preserva a mesma de ser decomposta, também o espírito do
zelo, penetrando todo nosso ser, bane o pecado que corrompe nossa
natureza, tanto no corpo como na alma. Bane o pecado, mesmo dos últimos
lugares onde estava instalado em nós, salvando-nos assim do vício moral e
da corrupção. O apóstolo Paulo comanda: "não extingais o espírito
(1Ts. 5:19) e não sejais vagarosos no cuidado: sede fervorosos no
espírito, servindo ao Senhor (Rm. 12:11). Comanda isso para todos os
Cristãos, de modo que possamos nos lembrar que o fervor do espírito, ou
empenho ativo, é um atributo inseparável da vida Cristã. Em outra passagem, o Apóstolo fala de si próprio
assim: "... esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para
as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Fp.3:13-14). E para outros
ele diz: "correi de tal maneira que o alcanceis" (1Co. 9:24). Isso significa que, na vida Cristã, o resultado do
fervor do zelo é uma certa rapidez e vivacidade de espírito, com as
quais as pessoas executam as obras agradáveis a Deus,
desconsiderando-se, forçando-se e, voluntariamente, oferecendo como um
sacrifício para Deus, todos os tipos de trabalhos, sem poupar-se. Tendo um embasamento sólido em tal entendimento,
pode-se facilmente concluir que um atendimento frio das regras da
Igreja, como a rotina nos negócios, que é estabelecida pela nossa mente
calculadora, ou como comportamento correto e digno e honestidade de
conduta, não são indicadores de que a verdadeira vida Cristã esteja
presente em nós. Tudo isso é bom; porém, como não carrega em si o
espírito de vida em Cristo Jesus, não tem absolutamente nenhum valor
perante Deus. Essa coisas são então como as estátuas sem alma. Bons
relógios também funcionam bem, mas quem dirá que existe vida neles?
Dá-se o mesmo com o comportamento humano. "Eu sei as tuas obras, que
tens nome de que vives, e estás morto" (Ap.3:1). Essa boa ordem na conduta de alguém pode, mais do
que qualquer outra coisa, conduzir esse alguém ao logro. Seu verdadeiro
significado (da boa ordem da conduta) depende da disposição interna
desse alguém, pela qual é possível que existam desvios significativos
das reais justiça e retidão, nos atos justos e retos praticados. Assim, enquanto refreando-se externamente de atos
pecaminosos, pode-se ter uma atração por eles, ou um gosto vindo deles
no coração. Igualmente, praticando-se atos de justiça externamente,
pode-se não ter nesses atos o coração. Só o zelo verdadeiro quer ao
mesmo tempo, em que faz o bem, em sua totalidade e pureza, perseguir o
pecado em suas menores formas. Procura o bem como seu pão cotidiano e
combate o pecado como a um inimigo mortal. Um inimigo odeia o inimigo não só pessoalmente, mas
também seus parentes e amigos, seus pertences, sua cor favorita e
qualquer coisa em geral que possa lembrá-lo. Assim também, o zelo
verdadeiro em agradar a Deus persegue o pecado em suas menores
lembranças ou marcas, em sua zelosidade pela pureza perfeita. Se isso
não está presente, quanta impureza pode esconder-se no coração!
Fonte:http://www.fatheralexander.org
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