A Igreja celebra no dia 10 de agosto a memória litúrgica de São Lourenço, patrono dos diáconos. Lourenço viveu seu diaconato junto ao Bispo de Roma, o então Papa São Sisto II, a quem serviu, como filho bom e obediente, e seguiu até a morte. Em 257, o imperador Valeriano publicou o decreto de perseguição contra os cristãos e, no ano seguinte, o Papa Sisto II foi detido e decapitado.
Segundo as tradições enquanto o Pontífice se dirigia ao local da execução, São Lourenço ia junto com ele, chorando. “Onde vai sem seu diácono, meu pai?”, perguntava-lhe. O Papa respondeu: “Não pense que te abandono, meu filho, pois dentro de três dias me seguirás”. Lourenço foi morto na Cidade Eterna, com apenas 33 anos, idade bastante simbólica e expressiva para um espírito cheio de caridade como o dele, após ter sido obrigado a entregar às autoridades romanas as riquezas que a Igreja então possuía.
Para espanto dos que lhe haviam de tirar a vida, apresentou os grandes e verdadeiros tesouros que um cristão deve estimar: os pobres e os doentes, os mendigos e os desabrigados, as viúvas e os órfãos, todos enfim por cuja eterna salvação o Senhor derramou o próprio sangue. Este santo foi, desde o século IV, um dos mártires mais venerados e seu nome aparece no cânon da Missa.
Segundo o Diretório do Ministério e Vida dos Diáconos Permanentes o serviço dos diáconos na Igreja é documentado desde os tempos apostólicos. Uma tradição consolidada, atestada já por Santo Ireneu e que confluiu na liturgia da ordenação, viu o início do diaconado no acontecimento da instituição dos « sete », de que falam os Atos dos Apóstolos (6, 1-6). No grau inicial da hierarquia sagrada estão portanto os diáconos, cujo ministério foi sempre tido em grande honra na Igreja. São Paulo saúda-os juntamente com os bispos no exórdio da Carta aos Filipenses (cf. Fil 1, 1) e na Primeira Carta a Timóteo enumera as qualidades e as virtudes de que devem estar revestidos para poder realizar dignamente o seu ministério (cf. 1 Tim 3, 8-13).
A instituição diaconal foi florescente na Igreja do Ocidente, até ao século V; depois, por várias razões, ela conheceu um lento declínio, acabando por permanecer só como etapa intermediaria para os candidatos à ordenação sacerdotal. Segundo as Normas Fundamentais para a Formação dos Diáconos Permanentes, o diaconado permanente foi “restaurado pelo Concílio Vaticano II em harmonia de continuidade com toda a Tradição e com os próprios desejos do Concílio de Trento, conheceu nestes últimos decênios, em muitos lugares, um forte impulso e produziu frutos prometedores, com vantagem para o trabalho urgente da nova evangelização”.
O Diaconado é o primeiro grau do Sacramento da Ordem, os outros dois são o Presbiterado (2º grau) e o Episcopado (3º grau). O diaconado foi instituído pelos Apóstolos, como consta no livro dos Atos dos Apóstolos: “Apresentaram-nos aos apóstolos e estes, orando, impuseram-lhes as mãos sobre os primeiros sete diáconos: Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, Nicolau, Prosélito de Antioquia” (At 6,1-6). Existem dois tipos de diáconos, o transitório que é aquele que recebe o Sacramento da Ordem no grau do diaconado para depois receber o segundo grau e tornar-se presbítero, ou padre. E o diaconato permanente, sendo casado não pode ascender ao grau superior, ficando permanentemente como diácono.
Mas quem pode ser diácono? A Tradição Apostólica ensina que somente os homens podem ser ordenados. O diácono não é um leigo, ele, por ser ordenado faz parte do clero, junto com os padres e os bispos. Um batizado, que seja bom católico, firme na fé e no testemunho e que tenha no mínimo 35 anos, poderá ser chamado para o serviço diaconal. Alguém que se torne diácono casado, se ficar viúvo permanecerá solteiro. Caso um solteiro, venha a ser ordenado diácono, não poderá se casar posteriormente. Uma vez ordenado, assim como os padres, sempre ordenado.
É qual é o serviço que os diáconos prestam à Igreja? Segundo o Catecismo da Igreja Católica "os diáconos participam de modo especial na missão e na graça de Cristo. O sacramento da Ordem marca-os com um selo ('caráter') que ninguém pode fazer desaparecer e que os configura com Cristo, que se fez 'diácono', isto é, o servo de todos. Entre outros serviços, pertence aos diáconos assistir o bispo e os sacerdotes na celebração dos divinos mistérios, sobretudo da Eucaristia, distribuí-la, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir aos funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade." (C.I.C, n 1570). E mais, a ordem do diaconato destina-se a ajudar e a servir os bispos e presbíteros. Por isso, o termo "sacerdote" designa os bispos e presbíteros, mas não os diáconos. (C.I.C, n. 1554). Santo Inácio de Antioquia dizia que "todos deveriam reverenciar os diáconos como Jesus Cristo, como também o bispo, que é imagem do Pai, e os presbíteros, como o senado de Deus e como a assembleia dos apóstolos: sem eles, não se pode falar de Igreja" (Trall. 3,1).
Portanto, não se pode negar a importância do diaconato para a missão da Igreja, pois eles se dedicam a ajudá-la por meio da vida litúrgica, pastoral e das obras sociais. Também são testemunhas vivas da caridade e edificadores do Corpo Místico de Cristo, sem falar que reúnem a comunidade dispersa, indo ao encontro das pessoas de qualquer religião ou raça, classe ou situação social, fazendo-se um servidor de todos como Jesus. Por isso, rezemos por mais vocações diaconais em nossa Diocese para que tal vocação continue sendo um impulso missionário e imagem de Cristo Servidor na Igreja.
WANDER VENERIO CARDOSO DE FREITAS
Especialista Em Ensino Religioso – Bacharel em Teologia
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