A família foi uma das causas mais queridas para o Papa Wojtyła, que chegou a declarar: “Em torno da família se trava o combate fundamental da dignidade do homem.” Essa defesa ardente da família não veio do nada; foi alimentada pelas experiências e valores que recebeu em casa. Recentemente, foi aberta a fase diocesana do processo de beatificação de seus pais, Emilia e Karol Wojtyła. É fascinante observar como a vida e os valores de seus progenitores moldaram a personalidade do futuro papa, nascido na pequena cidade de Wadowice, no extremo sul da Polônia, em 18 de maio de 1920.
A Mãe: Emilia Kaczorowska Wojtyła
“Sobre o teu túmulo branco florescem as flores brancas da vida. Ah, quantos anos já se foram sem você, quantos anos?” Essas palavras emocionantes foram escritas por Wojtyła em Cracóvia, na primavera de 1939, quando tinha apenas 19 anos. Uma década havia se passado desde que perdeu sua mãe, Emilia, que faleceu quando ele tinha apenas 9 anos. Ela tinha uma saúde frágil e enfrentou uma gravidez complicada, o que a levou a várias internações, até seu falecimento.
O amor materno deixou uma marca indelével no coração de Wojtyła, contribuindo para sua sensibilidade em defesa da vida humana em todas as suas etapas. Em 1995, ele beatificou e, em 2004, canonizou a médica italiana Gianna Beretta Molla, que, para proteger a vida de seu filho, não hesitou em sacrificar a sua. Essa relação com a vida e a maternidade ressoou fortemente com a experiência de sua própria mãe.
Em homenagem a Emilia, a comunidade de Wadowice criou a “Casa da Mãe Sozinha”, uma obra dedicada a mulheres que optam por proteger a vida de seus filhos, mesmo diante de grandes dificuldades. Durante sua visita a Wadowice em 1999, João Paulo II expressou sua gratidão por essa obra: “Acredito que aquela que me colocou no mundo e envolveu de amor a minha infância cuidará também desta obra”.
O Irmão: Edmund Wojtyła
A perda de Edmund, seu irmão mais velho, em 1932, trouxe mais dor à vida de Karol. Edmund, médico, faleceu tragicamente aos 26 anos após contrair escarlatina ao atender uma jovem doente. Essa morte foi um choque profundo para Karol, que já tinha uma maior consciência da perda em comparação com a morte da mãe. Edmund não apenas inspirou Karol em seus estudos, mas também desempenhou um papel crucial em sua vida, sendo um modelo de virtudes e altruísmo, muito parecido com os profissionais de saúde que, hoje, arriscam suas vidas para cuidar dos enfermos.
O Pai: Karol Wojtyła
Karol, que perdeu a mãe e o irmão, ainda tinha seu pai, um militar rigoroso e devoto, que se tornou uma figura central em sua vida. O pai, que compartilhou o mesmo nome, foi um pilar de força e fé. Sua influência se estendeu até a vocação sacerdotal de Karol. Em seu livro “Dom e Mistério”, o Papa revela que seu pai foi seu primeiro seminário, um exemplo de vida que o guiou.
A morte do pai, em 18 de fevereiro de 1941, foi talvez o dia mais doloroso da vida de Karol. Ele se sentiu só no mundo, mas essa solidão não era total; ele carregava a memória e o amor de sua família consigo. Ele compreendia que a esperança é uma força que transcende a morte, algo que aprendeu com os valores e o exemplo de seus pais e irmão.
Legado e Esperança
Neste 18 de maio de 2020, em meio à pandemia de covid-19, celebramos o centenário de São João Paulo II como um lembrete de que sempre podemos cruzar o limiar da esperança. Ele nos deixou uma mensagem clara: “Não tenham medo! Abram, ou melhor, escancarem as portas para Cristo!” Essa exortação é mais relevante do que nunca, lembrando-nos da importância da fé e da solidariedade familiar em tempos de crise.
A vida de São João Paulo II é um testemunho de amor, fé e resiliência, um legado que continua a inspirar milhões ao redor do mundo. Que possamos seguir seu exemplo, valorizando a família e a vida, mesmo diante das adversidades.
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