A passagem do Evangelho de João 4, 44 traz à tona uma verdade profunda e universal: “Um profeta, na sua própria terra, não obtém consideração”. Jesus proferiu essas palavras ao se dirigir à Galileia, sua terra natal, onde a aceitação de sua mensagem seria, em condições normais, limitada pela familiaridade de seus compatriotas. No entanto, desta vez, os galileus O receberam bem, pois haviam presenciado o que Ele fizera em Jerusalém, como o milagre da transformação da água em vinho.
Este evento nos leva a refletir sobre a natureza da fé. Será que os galileus teriam recebido Jesus com o mesmo entusiasmo se não tivessem presenciado os milagres? Provavelmente não. Isso nos revela uma fraqueza comum à maioria dos seres humanos: a necessidade de "ver para crer". Para muitos, a fé só se solidifica diante de provas concretas e palpáveis. Poucos são aqueles que acreditam sem ver, confiando apenas nas palavras e promessas de Deus.
A Fé Que Não Depende de Milagres
No mesmo capítulo do Evangelho de João, encontramos um exemplo que contrasta com essa tendência. Trata-se da história do funcionário real, relatada nos versículos 46 a 54. Este homem, cujo filho estava à beira da morte, recorreu a Jesus em Caná da Galileia, que ficava a dois dias de caminhada de Cafarnaum, onde seu filho estava acamado com uma febre grave. Ele havia ouvido sobre o poder de Jesus, mas ainda não havia testemunhado nenhum milagre pessoalmente.
Ao se encontrar com Jesus, o funcionário pediu desesperadamente que o Mestre fosse até sua casa para curar seu filho. A resposta de Jesus foi simples: “Vai, teu filho vive” (Jo 4, 50). Naquele momento, o funcionário real acreditou nas palavras de Jesus e partiu sem hesitar. Durante 48 horas, ele caminhou de volta, sustentado apenas pela confiança nas palavras do Senhor, sem ter qualquer evidência física da cura de seu filho. Quando finalmente chegou em casa, descobriu que seu filho havia melhorado no exato momento em que Jesus proferira as palavras de cura.
Essa história nos oferece uma lição poderosa sobre a natureza da fé. O funcionário não viu o milagre acontecer, mas creu. Ele não precisava de provas físicas, mas confiou na palavra de Cristo. Isso nos faz lembrar das palavras de Jesus a Tomé: “Bem-aventurados os que não viram e creram” (Jo 20, 29).
A Felicidade de Crer Sem Ver
A fé que não depende de milagres visíveis é uma fé pura, enraizada na confiança em Deus e em suas promessas. Aqueles que acreditam sem ver são descritos como bem-aventurados por Jesus. Isso nos lembra que a verdadeira fé é um chamado para confiar plenamente no poder e no amor de Deus, independentemente das circunstâncias ou evidências tangíveis.
Essa fé inabalável, baseada na Palavra de Deus, é a que nos cura, salva e liberta. Ela nos permite atravessar as dificuldades da vida com esperança e confiança, sabendo que o Senhor está sempre conosco, mesmo quando não podemos ver ou entender seus planos imediatamente.
A Aplicação para a Nossa Vida
Nos dias de hoje, somos frequentemente tentados a buscar sinais e milagres como comprovações da presença de Deus em nossas vidas. Queremos que nossas orações sejam respondidas de maneira imediata e visível, e muitas vezes nossa fé vacila quando as respostas não vêm da forma como esperamos. No entanto, a história do funcionário real nos ensina que a verdadeira fé não está em ver para crer, mas em crer antes mesmo de ver.
Felicidade e bem-aventurança pertencem àqueles que confiam na palavra de Deus sem precisar de provas físicas. São essas pessoas que experimentam a paz profunda que vem da confiança em um Deus que sempre age no tempo e da maneira correta, mesmo quando não entendemos Seus caminhos. A fé que Jesus nos pede é aquela que transcende as aparências e se apoia na certeza de que Ele está sempre presente, nos guiando, curando e salvando.
Portanto, que possamos seguir o exemplo do funcionário real e de tantos outros que, ao longo da história, creram sem ver. Que nossa fé seja firme e confiante, mesmo diante das maiores incertezas, pois, como disse Jesus: "Bem-aventurados os que não viram e creram"
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